segunda-feira, 3 de agosto de 2009

JESUS Salva Pessoas com a Graça! Evangelho de João Capítulo 4. 1 a 26 - Jesus Conversa com uma Samaritana (parte4)

A Sinceridade é o Melhor Caminho Para um Relacionamento.

“Toda a verdade nem sempre pode ser dita!” A gente cresce ouvindo coisas assim e castigamos a nossa vida e de outros com afirmações que não sabemos ao certo como praticá-las.

No entanto, sabemos que só conhecendo a verdade é que pode haver liberdade para o ser humano.

Pessoas vivem com medo da verdade e se perdem em meio à confusão de ideais que não lhes pertencem.

Vencidas as barreiras do sistema que sacrifica o adorador, Jesus concentra-se na revelação de Deus. Não há um local de adoração: um templo de pedra erguido pela religião vigente; não há um rito ou ritual, não estão à mostra os artefatos do culto e também não são ensinadas as palavras mágicas que chamem a atenção do Deus invocado pelo adorador. Jesus quer saber sobre o que pensamos de nós mesmos; o que queremos quando nos apresentamos no culto; qual a verdade que está gritando em nossos corações e mentes. Jesus se revela quando há conversa franca e desarmada na rotina da vida e nas situações comuns de buscar água de beber. Não há truques e não existem métodos que confirmem a nossa redenção, a não ser que o Espírito Santo comunique ao nosso espírito que somos filhos de Deus, e é Ele mesmo que fala conosco.

O adorador precisa da revelação de Deus no seu coração para fazer sentido a adoração e o culto. Cristo é a revelação de Deus aos homens e quando Ele se apresenta, acaba revelando também o coração do adorador.

É preciso ser resgatado pela verdade para sermos adoradores do Deus Eterno. Para isso é necessária uma tomada de decisões com o verdadeiro Deus... Sobre tudo, o que se pode guardar no coração?

  1. Você precisa ter uma dessas conversas com o Senhor Jesus; [É preciso ser verdadeiro (vs. 23 e 24)]
  2. Você pode dar dignidade a sua Vida escutando a voz do Filho de Deus que nos dá a condição de verdadeiros adoradores; [É preciso reconhecer quem somos e o que somos (vs. 17 a 19 e 25)]
  3. Você com Cristo se torna um Templo vivo de adoração a Deus e apropriado à manifestação do Seu Espírito; [É preciso escutar a voz de Deus quando fala conosco (vs. 21, 22 e 26), É preciso adorar a Deus em espírito e em verdade! (vs. 23 e 24)].

O Reinado de Deus é o acolhimento dos que se sentem ignorados e vencidos deste mundo; aqueles que em uma única e inédita experiência de amor, se percebem filhos da Luz!

O grande cientista Blaise Pascal certa vez disse que mesmo um ser humano desgraçado e deformado, tanto no seu físico, como no seu interior, ainda assim é um ser magnífico: imagem e semelhança de Deus. Jesus Cristo é Deus encarnado, o único que pode entender, mediar, perceber a nossa vida com toda a humanidade e suportá-la por nós e através de nós! É preciso se dar à oportunidade de viver uma grande aventura com o Senhor Jesus!

Você precisa saber que o tempo para o seu encontro com Deus já chegou, e agora é, quando Jesus paga um preço altíssimo na cruz para ter você de volta com Ele!

Apresente as suas razões e denuncias a Deus, tudo o que lhe trouxe dor e sofrimento, a desesperança e a indignação só podem ser curadas em Jesus Cristo, é esse o ensino das Escrituras.

Ouça o que disse Jesus:

“Bem-aventurados

os pobres em espírito,

pois deles é o Reino dos céus.

Bem-aventurados

os que choram,

pois serão consolados.

Bem-aventurados os humildes,

pois eles receberão a terra por herança.

Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça,

pois serão satisfeitos.

Bem-aventurados

os misericordiosos,

pois obterão misericórdia.

Bem-aventurados

os puros de coração,

pois verão a Deus.

Bem-aventurados

os pacificadores,

pois serão chamados

filhos de Deus.

Bem-aventurados

os perseguidos

por causa da justiça,

pois deles é o Reino dos céus”.

(Mateus 5.3 a 10)


Conclusão:

Imagine a figura do homem-Deus esperando você no caminho com vontade de conversar sobre as coisas da vida. Quando você O percebe e escuta a voz que pode te tirar da rotina da vida e seus descasos, então, a eternidade parece se mostrar tão simples, que como um sonho bom, contamina e descansa a realidade presente...

Hoje, o Senhor Jesus veio na sua direção sinalizando graça para a sua vida! Agarre essa oportunidade de ter vida eterna com Ele!

“(...) Por isso, seja diligente e arrependa-se. Eis que estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei e cearei com ele, e ele comigo.”

Apocalipse 3.19-20

Eduardo Neri

quinta-feira, 30 de julho de 2009

JESUS Salva Pessoas com a Graça! Evangelho de João Capítulo 4. 1 a 26 - Jesus Conversa com uma Samaritana (parte3)

Suas Possibilidades com Deus são Melhores.

“[...] há os modelos de felicidade e também os modelos que recebemos na religião... Nós entramos nesta engrenagem e passamos a nos alimentar com um alimento que não sacia...”.

(Viviane Mosé – psicanalista)

“Você tem fome de que?

Você tem sede de que?

A gente não quer só comida...” (Titãs)

A religião não se sustenta e por isso não sustenta ninguém...

Os posicionamentos religiosos não têm satisfeito a necessidade das pessoas, ao contrário, o distanciamento resultante das formas de espiritualidade conhecidas tem afastado o adorador de Deus e dos demais relacionamentos pessoais.

O que fazer quando a Religião quer dirigir a nossa vida?

Jesus estava constantemente sendo visto e avaliado pela Religião de sua época. Procuravam em sua doutrina e modo de viver o mínimo desvio de compromisso entre o que Ele falava, a Lei ensinada nas sinagogas e a sua conduta moral, porém, sem sucesso. O Mestre não estava preocupado com a avaliação da Religião, mas com as pessoas excluídas da Religião: Ele veio buscar quem havia se perdido de Deus. Nessas condições Ele não foi reconhecido entre os seus. Agora, diante de uma mulher Samaritana, de vida complicada, sem a auto-estima e o carinho que uma pessoa precisa receber para dar sentido a sua vida, o Mestre percebe o entrevamento e a imposição da espiritualidade institucionalizada sobre um ser humano: ela não consegue raciocinar com perspectivas diferentes do que foi erroneamente ensinado. Não consegue discernir o fato de ser ela uma pecadora, carente da graça de Deus e o diferencial que se apresenta na sua frente. Antes ela se preocupa com uma titularidade para Jesus, com o local de culto, com o ritual de culto, mas não se preocupa com o culto que oferece a Deus. A verdade está distante do seu coração, tanto quanto a disposição para o arrependimento. É preciso então que Jesus se declare objetivamente a ela como o esperado Messias de Israel, pois nada parecia quebrar a obstinação religiosa e o pensamento desconfiado produzido pelo sincretismo. Somente a Palavra do próprio Deus quebra as cadeias estabelecidas pelos sacramentos consignados à vista da Religião, e isso se dá quando Jesus afirma sobre si mesmo: Eu sou o Messias! Eu, que estou falando com você!

Nosso relacionamento com Deus é construído a partir d’Ele mesmo e não a partir do que pensamos, ou do que inventaram para que O buscássemos.

Como é possível deixar de lado o próprio Deus, para vivenciar a dúvida dos outros? Há muitos que têm o seu relacionamento com Deus frustrado pelos embaraços de um sistema artificial de adoração.

  • Você não pode se deixar levar pelo pensamento alheio, ou pela vontade institucionalizada de um sistema de culto;

[A religião procura defender a Deus (vs. 1 a 3)

A religião afasta os homens dos relacionamentos (vs. 9,17 e 18)

A religião produz raciocínios mentirosos sobre Deus (vs. 19, 20, 22 e 25)

A religião não produz frutos dignos de arrependimento (vs. 19, 20 e 25)];

  • Você precisa ouvi-lo dizer no seu coração: Eu sou o Messias! Eu, que estou falando com você!

[A religião frustra a devoção e a adoração (versos 20 e 25)]

Não é possível que crendices e tradições impostas dominem a nossa relação de adoração a Deus. As crianças constantemente nos desafiam sobre todas as alternativas que as cercam para dominá-las. Mas mesmo diante das dificuldades e aflições, até mesmo elas nos alcançam e pedem ajuda. Meu filho recentemente me pediu explicações sobre um sentimento estranho que tomou a sua cabeça de se preocupar com a sua coleguinha de classe. As suas preocupações deixaram de ser os desenhos da Tv. para assumir um desenho de uma pré-adolescente da escola. Ele então me perguntou: Pai o que é que é isso que eu não consigo parar de me preocupar com minha amiga e quero tanto só dar atenção a ela?

Difícil para um menino de oito anos entender, não?

Mas nada é difícil para um amigo como Jesus Cristo.

Peça ajuda se você hoje não consegue deixar seus medos e tradições que lhe foram impostos por pessoas, sem que você quisesse.

Chame pelo Senhor Jesus!

Você, nada ou ninguém que exista e ainda venha a existir, pode te separar do amor de Deus, por causa de Jesus Cristo, o Senhor.

E esta é a vontade daquele que me enviou: que Eu não perca nenhum dos que Ele me deu, mas os ressuscite no último dia. Porque a vontade de meu Pai é que todo aquele que olhar para o Filho e Nele crer tenha a vida eterna, e Eu o ressuscitarei no último dia”. (João 6.39 e 40)

Eduardo Neri

domingo, 26 de julho de 2009

JESUS Salva Pessoas com a Graça! Evangelho de João Capítulo 4. 1 a 26 - Jesus Conversa com uma Samaritana (parte2)

Não viva com sede!

O slogan da Sabesp quando se comunica aos seus clientes é um anuncio: “Água é Vida! Respeite a Vida”.

Ora, nós sabemos que a água é, e sempre foi, um bem finito e indispensável para a vida. É exatamente esta comparação que o Senhor Jesus está fazendo, entre a água viva [vida eterna] que oferece e a finitude previsível [morte] de quem a espera.

Há uma luta continua dentro do ser humano diante da sua expectativa do dia a dia, no que comumente se diz: O homem não nasceu para morrer!

Quanto tempo de vida ainda nos resta?

A eternidade não é uma vida sem limite de tempo apenas, mas vida com qualidade de vida! Vida que ultrapassou os conceitos de épocas, de lugar e de estado conhecido por nossa contingência atual. Olhando para o texto vemos uma mulher numa situação vulnerável. Ela acredita só no que pode ver e vivencia a sua falta de dignidade em relacionamentos que lhe causam dor. Sua palavra não tem credibilidade para as pessoas da sua vizinhança e a sua disposição se fia num ir e vir com cântaros de barro. Ela não percebe a vida que pode ter.

Vida que vai além do oferecido pela sociedade e sua cultura, vida que não se perde pelo passado que a busca e faz sofrer. A proposta do Mestre vai além da sua visão imediata e concreta das coisas. Ele está preocupado com o sofrimento que ela sustenta todos os dias; Ele quer trazer identidade e integridade para aquela mulher Samaritana.

Jesus quer acertar tudo o que está errado em nossa vida e nos escraviza. É impossível conter a Vida eterna. É impossível conter a Deus!

Quantas vezes você quis ser visto, ser aceito (a), mas teve vergonha das pessoas e medo do que elas iriam falar a seu respeito? Observe as atitudes de Jesus no texto e considere três comparações:

  1. Você não é empecilho para a atuação de Deus; [A vida que está Nele é como uma “água viva” transformadora de homens e mulheres! (verso 14)]
  2. Você pode ter um relacionamento com Deus, apesar do estado em que se encontra; [Ele se apresenta como uma “fonte inesgotável” de perdão e amor (vs. 16 a 18)]
  3. Você precisa de Deus para guardar o seu coração do mal. [Cristo garante o seu novo viver como um “jorrar dessa fonte” de dentro para fora (verso 13)]

O fim de qualquer Lei, ética, ordem ou moral é Cristo!

Há um romance de Oscar Wilde, que conta a história de um homem vaidoso chamado Dorian Gray. Ele era um moço bonito e cheio de vida, que serviu de modelo para um amigo e pintor que o retratou num quadro fascinante. Dorian ficava deslumbrado e apaixonado por si mesmo, recebendo influências de pessoas desajustadas, levando uma vida, a partir da sua experiência pessoal, como um cínico-egoísta que vê perder o sentido das coisas e ao mesmo tempo não se importa com isso. O moço vai se desfigurando diante da imagem do seu interior doente e insano, porém, o seu retrato não denuncia as suas escolhas até o dia da sua morte. Quando o encontraram não havia como reconhecê-lo apenas olhando o seu retrato, tamanha a deformidade do seu estado último. Histórias como essa não precisam se tornar realidade na gente, pois Cristo melhora a nossa vida em cada instante que nos relacionamos verdadeiramente com Ele.

Você já pode se olhar como imagem do Deus vivo; portanto, deixe toda a perspectiva de uma pessoa dissimulada e triste, creia no Senhor Jesus e seja curado de toda a deformidade que possa existir em sua alma!

No mesmo livro de João, num momento espetacular, Jesus levanta-se diante de todos e diz em alta voz: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva”. (João 7.37 e 38)

Eduardo Neri

sexta-feira, 24 de julho de 2009

JESUS Salva Pessoas com a Graça! Evangelho de João Capítulo 4. 1 a 26 - Jesus Conversa com uma Samaritana (parte1)

O Deus Todo Poderoso se manifestou aos homens com a Graça!

Essa é a tradução do nome hebraico de João o evangelista.

Quando se escolhe um nome para um filho, na verdade, não se tenta e nem se pode associar (não no mundo contemporâneo) ao recém nascido, uma idéia de fato que corresponda à identificação de uma nova vida.

No entanto, o nome de João e seu significado para a sua cultura parecem indicar um caminho para que se perceba a luz de um texto complexo, relatado apenas pelo apóstolo que vivenciou a história no meio do caminho do Mestre.

A dificuldade pode estar na nossa história, que por vezes parece não ter um significado, ou ainda não nos identifica com algum propósito; deixamos de fazer sentido para nós mesmos e para outros que se relacionam conosco.

É possível que alguém perca a própria identidade diante das pessoas.

Será que alguém assim pode ter esperança?

Quem se importa?

A baixa auto-estima que nos move tantas vezes é muito eficiente em roubar a nossa dignidade. No entanto, preste a atenção na vida de Jesus quando se encontra com gente sem nome e sem identidade ou significado.

Encontre a Graça de Viver!

Certa vez eu conversava com uma criança sobre as tantas coisas que ocupam o universo mágico e criativo de um menino de nove anos. Então, o mais incrível na nossa conversa aconteceu: ele não lembrava a data do próprio aniversário e não sabia ao certo o seu sobrenome. Achei que ele estava querendo se divertir comigo, mas investigando um pouco mais percebi que não mentia sobre a sua dificuldade de identificar-se.

“Todo o menino é um Rei!”

Eu também já fui Rei: curtia como menino o dia de aniversariar e contava com os presentes que viriam, mas o meu amiguinho, ele não sabia o que era isso.

Quem, ou o que desgraçou a esperança de dignidade do ser humano?

Jesus, o verbo encarnado, estava nesta vida para resgatar pessoas e anunciar o Reinado de Deus. Ora, isso causava irritação à Religião e aos representantes do Clero de sua época. Ele resolve não se envolver em confrontos tradicionais e busca o contato com gente pecadora, sem aceitação social ou moral.

A história da conversa com a mulher Samaritana é uma narrativa toda influenciada por essa postura. Despojado do preconceito que regia a sua época, Jesus quebra paradigmas colocando-se até mesmo em situação de ser visto com malícia pelos seus patrícios e pela sociedade: não fica bem conversar com uma mulher casada sobre qualquer assunto, principalmente assuntos sérios ou que requerem discernimentos sobre coisas da vida.

A salvação proclamada de Jesus não tem qualquer motivo para excluir pessoas pelo sexo, cor, raça, idade e estado civil. Ele não se orienta pela tradição religiosa ou pela ética estabelecida.

O encontro com Jesus é um presente a todo aquele que Nele crê!

A idéia d’Ele é participar da nossa vida e recomeçar tudo em nós com um novo nascimento...

Você já se sentiu perdido e sem esperança a ponto de se irritar com o dia em que nasceu?

O abandono, o descaso e a culpa já causaram dor e desassossego no seu intimo?

Saiba que a Salvação, que é graça de Deus, não vai deixar de falar ao coração de alguém por qualquer motivo que apareça:

  1. Você é alguém para Deus; [A graça ignora preconceitos e tradições (vs. 7,8,9)]
  2. Você não vai ser abandonada (o) por Deus, como normalmente as pessoas fazem quando a gente não interessa mais; [A graça insiste com a pessoa e fala com ela (vs. 10,11 e 12)]
  3. Você pode se comunicar com esse Deus, sem atravessadores ou fantasmas intercessores, que tanto querem, a força, abrir caminho até o seu coração; [A graça é inclusiva. (verso 14)]
  4. Você pode ouvi-lo falar diretamente ao seu entendimento, sem cobrar qualquer coisa do seu passado, pois em Jesus está todo o carinho e o perdão sem limites. [A graça é maior que a vida! (verso 14 e 15)]

Deus amou você desde a eternidade e não vai, de maneira alguma, jogar você fora!

Quando damos uma oportunidade para Deus em nossa vida, sentimos como quando éramos meninos, brincando de esconde-esconde: sempre queríamos salvar a nossa “paquera secreta...”.

Deus também se faz achado de nós todas as vezes que o procuramos.

Você precisa ser encontrado e só Jesus pode causar este encontro de todas as maneiras!

Se você hoje ouvir a Sua voz, não endureça o seu coração!

Eduardo Neri.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Moby Dick, Jonas e o Reino de Deus... (imagens e considerações em Mateus 13)

Lendo Paulo apóstolo do Senhor Jesus escrevendo aos Romanos, podemos discernir um resumo das características do Reino de Deus: “(...) O Reino de Deus não é questão de comida ou de bebida, mas de ser justo, vivendo em paz e com a alegria que o Espírito Santo dá...”. (Romanos 14.17 - Bíblia na versão Católica)

Isso parece resolver a teologia de muita gente. E resolve, mas será apenas isso que devemos buscar na elucidação hermenêutica de um dos momentos mais precisos e preciosos no discurso frenético do Senhor Jesus?

Mateus relata aos seus irmãos o discurso do Mestre, uma vez que, certamente, serão expulsos das sinagogas por aceitarem a messianidade de Jesus. Reféns, perseguidos e maravilhosos, os judeu-cristãos agora terão os relatos do épico salvífico, do que fora pregado na cruz!

Toda a glória, majestade e poder canalizado em um só homem, como foi em Israel num passado distante, que não se lembram, a não ser por histórias e tradições dos mais velhos.

- É isso! Eureka! O Cristo esteve entre nós e vimos a sua Glória, como a do Unigênito do Pai. E ainda falou do Reino e da nova aliança nos redimindo pelo preço do Seu sangue que nos reconduz a Deus, nosso Pai, Pai das luzes, garantidor de toda a vida!

- Foi um sonho!

- Jesus nos tocou, e, em Mateus, agora lemos que a Igreja, a comunidade cristã, continuadora legítima do Israel histórico, é o Israel autêntico que entra numa etapa final quando o Reinado de Deus é anunciado; participa de tudo isto pela Sua morte e ressurreição...

- Não teremos mais saudades do passado, nem ainda o renegaremos, mas antes sabendo a origem incrível que nos aglutinou e também organizou, seguiremos nossas vidas anunciando a volta do Senhor para aqueles que participarem da Sua carne e sangue.

Poderia imaginar um neocristão, neste sentimento, nos dias da leitura do Livro de Mateus reconhecendo a sua esperança nos escritos do apóstolo, mas hoje eu releio o mesmo livro e considero coisas novas e velhas...

No capítulo 13, a passagem do ensino de Jesus sobre o Reino de Deus, eu preciso enxergar como um recém-chegado ao mundo vindouro, tão apaixonado e pretensioso quanto realmente posso ser, e olho para o Mestre; e num querer vê-lo foi preciso fechar os olhos e lembrar os detalhes da sua pregação.

Num momento em que o vejo à beira do lago, logo surpreende a todos subindo no seu púlpito, e por pouco me aterroriza com o seu olhar quando percebendo que estou ali, recria o “déjà vu”...

Momentos antes da sua pregação ele recebera a visita de uns religiosos que lhe solicitaram um sinal. O sinal de Jonas bastaria para a maldade dos corações e mentes do clero. Mas para mim, ali, Jesus fez muito mais do que falar de um grande peixe que engolira o profeta, Ele lembrou de Moby Dick!

Na saga do grande peixe, há um momento em que os heróis, homens do mar, partirão em busca do seu destino. Batizados na ira do Capitão Ahab, algumas horas antes de embarcarem, entram em uma Igreja com um púlpito modelado a imagem de uma proa de barco!

Sobe ao púlpito o pastor para a prática do sermão e profetiza a vinda de um Reino eterno, sem precedentes. Entorpecidos, os ouvintes são como ovelhas que se apaixonam pelo louco capitão e tem os seus corações amaldiçoados e trancados pelo medo.

Não foi possível deixar de imaginar o Mestre nesta cena... Sua criatividade, seu modelo e suas ações são todas formadas em sua mente brilhante, como acontece em suas parábolas.

A elaboração dos contos de Jesus traz elucubrações diferentes das histórias e arquétipos de uma época distante. Seus frutos contagiam e revelam mais do nosso presente que a literatura de imprensa atual. Não posso entender que Ele não estava falando para mim, sem a perspectiva egocêntrica que alguém possa perceber, mas com a clareza que o Espírito Santo garante que sou filho legítimo de um Pai magnífico.

Parábolas, provérbios, refrães são traduções diversas do hebraico meshalim, conceito que pouco as diferencia. Basicamente são comparações que revelam ou ilustram aspectos da vida. Podem ter a forma descritiva ou narrativa, simples ou desenvolvidas. São antes de tudo os livros Sapienciais que as usam (Provérbios e o apócrifo Eclesiástico), também o Saltério (Salmos 49.5; 78.2) e os profetas (Isaias 28.23-29; Ezequiel 15; etc).

A comparação pode também encobrir, despertando a curiosidade, desafiando o engenho, incitando a descobrir.

As duas funções, encobrir e descobrir, atribuem-se às parábolas de Jesus. Mateus reúne nesse capítulo, sete contos que trazem a perspectiva do Reino de Deus:

  1. O semeador;
  2. O joio;
  3. A semente de mostarda;
  4. O fermento;
  5. O tesouro;
  6. A pérola;
  7. A rede de pescar.

A parábola do semeador fala de uma semente maravilhosamente fértil, oferecida a todos, a qual germina e dá fruto abundante a quem a acolhe bem; é o sonho de todo o agricultor!

A parábola do joio explica que há influências boas e más em qualquer comunidade. Não adianta querer separar os bons dos maus antes da hora. No tempo certo, Deus cuidará disso.

A semente de mostarda, pequenina, transforma-se num grande arbusto. O Reino começa pequenino, mas cresce para oferecer abrigo a muitos!

O fermento também é pequeno em relação à massa e fica invisível quando misturado com ela, mas transforma tudo!

O tesouro escondido fala de quem encontra o que busca e, muito contente, investe tudo e toda a sua vida naquilo!

A pérola também fala que tudo se deve arriscar quando se procura o que realmente tem valor!

Por fim, a rede de pescar, como a semente da primeira das sete parábolas do Mestre, abrange gente de todo tipo, mas há uma escolha feita por Deus, que leva em conta a situação de cada pessoa (uma retomada de conceitos que estão permeando a pedagogia de Jesus).

Portanto o Reino de Deus:

  1. É oferecido a todos;
  2. Tem inicio pequeno, quase imperceptível, mas cresce para se tornar uma realidade abrangente;
  3. Começa neste mundo, onde o bem e o mal estão misturados, inclusive na Igreja. A sua plena realização se dará somente no mundo vindouro (o que a teologia convencionou a chamar de já..., mas ainda não!);
  4. Não age com meios espetaculares, mas cresce através de uma presença solidária que se sacrifica a ponto de desaparecer no meio da massa;
  5. Pede decisão e coragem de se lançar por inteiro;
  6. Pede vigilância e lucidez, sabendo escolher no meio do velho e do novo, para melhor corresponder ao projeto de Deus!

Talvez a percepção dos judeu-cristãos dos primeiros dias de vida, ainda tenha percebido algo, como o número de parábolas que, para eles, representa uma argumentação completa como a completitude que esse número simboliza numa cultura vetero-testamentária. Não a nós, quem sabe, mas o Mestre esgota o assunto para esse momento de culto. O público que agora está comigo sentado na areia, pensa na complexidade dos ensinos construtivistas do Senhor da vida.

Entre tantos os ouvintes do sermão didático, terapêutico e afiançado pelo próprio Dono do Reino, a dúvida parece vir dos discípulos que recebem a notícia de que aqueles circunstantes não entenderiam suas palavras e até se confundiriam com a legitimidade das idéias plantadas pelo que rastreia as mentes dos ouvintes.

O texto de Isaias 6. 9 e 10, prediz o fracasso do profeta por culpa dos ouvintes:

9 Vai, pois, dizer a esse povo, disse ele: Escutai, sem chegar a compreender, olhai, sem chegar a ver.

10 Obceca o coração desse povo, ensurdece-lhe os ouvidos, fecha-lhe os olhos, de modo que não veja nada com seus olhos, não ouça com seus ouvidos, não compreenda nada com seu espírito. E não se cure de novo. [Isaías (BC) 6]

Dada a dureza destes ouvintes, a pregação profética os irrita e endurece, e lhes agrava a culpa. O próprio Isaías fala de sua experiência em 30. 9-11:

9 Porque este é um povo rebelde, são filhos mentirosos, filhos que se recusam a ouvir as instruções do Senhor.

10 E dizem aos videntes: Não vejais, e aos profetas: Não nos anuncieis a verdade, dizei-nos coisas agradáveis, profetizai-nos fantasias.

11 Afastai-vos do caminho, retirai-vos da vereda, deixai de colocar-nos sob os olhos do Santo de Israel. [Isaías (BC) 30].

Mesmo prevendo o resultado negativo, o profeta não pode calar-se, pois é Deus que o envia, e a denúncia tem intenção salvadora. Mateus muda o “para que/de modo que” de Marcos em “porque” inferindo que a atitude condicionou a compreensão dos seus ouvintes.

Pensativos nas possibilidades do Reino ribomba a pergunta de Jesus: “- Vocês entenderam tudo isso?”

A resposta em côro congregacional tem cheiro clerical, institucional e litúrgico-presumível, mas a proposta nas parábolas do Mestre, continua cumprindo-se no seu ministério. Os seus concidadãos parecem duvidar da sabedoria com que discernia os eventos da vida, rejeitando-o com veemência sempre que podiam, julgando conhecer sua procedência e capacidade de discurso.

Para mim, vejo que o Senhor Jesus gosta de conversar e discursar sobre as águas... Os elementos da acústica estão a seu favor e a imagem de fundo conspira para um batismo de idéias e propósitos.

A morte de João Batista, agora, no 14 de Mateus, parece confirmar a necessidade de Jesus em fazer uso novamente de uma embarcação e seguir viagem rumo a sua solitude que não deve acontecer por muito tempo. A multidão dos mutilados e dos desvalidos que não possuem outra esperança, o encontra novamente, e Ele a ama como o pastor divino que Ele é!

Com esse olhar que constrói o mito e causa uma hermenêutica romanceada, ou festiva, é que sempre leio o livro de Mateus, observando o Mestre andando em algum lugar do passado. Enxergo que Ele amava o povo marginalizado e desgraçado das ruas, que amava crianças e que dava a elas todo o direito de posse do Reino de Deus. Também amava estar perto das águas, como o Seu Espírito empreendedor da Gênese, que amava Jonas e sua incrível baleia branca preparada para dar salvo conduto ao profeta sorumbático (grifo é meu para mencionar que algumas versões classificam assim o grande peixe, citado em Mateus), que amava comer pão e peixe com seus amigos e que ama falar nos meus sonhos o quanto Ele muito me ama!

O convívio com o meu filho é a causa, certamente, de uma interpretação comprometida, porém, com gente da idade dele, que nos escutam aos domingos, sentados no chão, umas histórias bonitas que Jesus contou pra mim... Que privilégio o meu!

Ora, vem Senhor Jesus! Vem contar de novo a bonita história de Moby Dick!

Eduardo Neri