domingo, 3 de fevereiro de 2008

Taparosol do Sul

Certamente que o sentimento de culpa nos leva a reflexões sem luz. A desculpa mais rápida, a fadiga dos pensamentos carcomidos de êxtase pós-moderno, as vinhetas que nos assustam os sentidos... São sintomas de uma sociedade néscia e arbitrária. No exemplo triste da maior menoridade discutida, vemos a vaidade de um povo escravo!
Se violentamos nossas preces e já decidimos quem serão os desgraçados de Deus; se com veemência clamamos por justiça...
Então que lancemos mão aos estandartes pietistas e proclamemos em alto e bom som: - Crucifica-os!
- Não discutiremos o todo, no processo?
- Educação, saúde, direitos institucionais... família?
Vamos celebrar nossa miséria, nossa ciência e incompreensão e dignificar tudo o que é sórdido, tosco e vil. E querendo o bem do próximo, façamos coro a corrupção dos poderes e prossigamos cúmplices, sacrificando nos altos a fina flor da vaidade religare.
- Quantos adolescentes ainda terão seus corpos tenros, vendidos desnudos num CEASA e nos paredões da Sul?
Não lembremos, por favor, da mortandade que assola o meio das instituições prisionais de menores... A revolta é frágil e doce, mas o amor resiste e sofre a dor.
- Quem terá pedras para julgar o proposto no Estatuto da Criança e do Adolescente?
Lei ora lei...
Contentem-se os homens na sua perversidade e prendam os meninos e meninas. Castrem-nos como cães de raça indócil, pois certamente comerão das migalhas da nossa gente destemida que preenchem os templos em fins de semana.Construam mais lugares megalomaníacos e tratem do assunto com a versatilidade alegórica de sempre. Vivam em perfeita indolência e que morram os pacificadores, pois deles não é o reino dos homens!


Esqueçam de quem agora troca o corpo por comida em Taparosol do Sul.
Por favor esqueçam de Taparosol!
Taparosol ...
- O que se pode concluir dessa provocação melancólica em dias de pouca luz?
Só me rendo à reflexão de 20 anos antes deste setembro, que dizia:
(...) “de que calada maneira, você chega assim sorrindo... como se fosse a primavera... e eu morrendo?”
(Pablo Milanez.)

Eduardo Neri

Um comentário:

Anônimo disse...

gatinho... vc me surpreende a cada dia!!

debs